O CÉU É O MEU TETO,A TERRA É MINHA PÁTRIA,A LIBERDADE É A MINHA RELIGIÃO!

sábado, 28 de abril de 2012

UM POEMA MEU...




ESCUTA! 


Deixa eu te amar
com um amor sereno de criança 
e da maneira
mais pura 
e desprendida!                                                                                                                                        
                                                                                             
Que eu seja barco que te leve
sobre a onda mansa,
que eu seja tua fonte de esperança
e no teu amanhecer, tranquilidade.


Que eu seja o peitoril
de uma alta janela
donde possas voar
se assim quiseres...



Serei cais e porto, silenciosa baia,
donde possam partir e regressar
todos os dias,
as brancas naus errantes
dos nossos sentimentos,
de quilhas leves, pelo mar, adiante.

Serei tua alegria e teu consolo
quando estiveres triste...
Serei espaço aberto
onde respires livre,
Serei distância
a te trazer saudade...

Serei água, chama e continente,
ninho macio e, esta ânsia ardente,
de ser teu sonho de felicidade!

Cezarina Macedo-in "HARPA DO VENTOS"/Editora Novitas/2009.
PINTURA DE JOSEPHINE WALL.


IMAGENS DO GOOGLE.

terça-feira, 24 de abril de 2012

CIGANOS...






A etnia cigana assemelha-se a uma imensa tapeçaria multicolorida, na qual cada fio da urdidura contribui para a unidade harmônica do todo. Existem dezenas de grupos e subgrupos cujos nomes derivam muitas vezes das profissões exercidas ou da sua procedência geográfica. É a diversidade dentro da unidade. O mesmo sucede com o idioma Romani que se diversifica em inúmeros dialetos, segundo cada clã ou região de origem. Segundo Fraser, estudioso do assunto, não existe um Romani padronizado, único, somente na Europa os ciganos falariam cerca de 60 ou mais dialetos diferentes.
Ser cigano, portanto, é ser plural, é ser complexidade, é ser do mundo. Não existem ciganos aristocratas ou que estejam mais próximos da raça original, antiga ou, que detenham a superioridade étnica ou lingüística sobre os demais.
Alguns antropólogos ou ciganólogos, para facilitar seus estudos e pelas dificuldades encontradas, homogeneízam a etnia, descartando as pesquisas de clãs e dialetos outros que não aqueles mais conhecidos ou mais numerosos, nos vários países para onde voltam seus olhares científicos. Lemos abaixo num artigo:
“A grande falha da literatura sobre ciganos, oficial e acadêmica, é a supergeneralização; observadores têm sido levados a acreditar que práticas de grupos particulares são universais, com a concomitante sugestão que [os membros de] qualquer grupo que não têm estas práticas não são verdadeiros ciganos.
Porém, os ciganos não se diferenciam entre si apenas lingüística e culturalmente, mas também econômica e socialmente.Desconhecemos estudos detalhados sobre as diferenciações entre ciganos em países específicos, mas, é mais do que provável que em todos os países existam ciganos ricos e pobres, conservadores e progressistas, analfabetos e outros com diplomas universitários, politicamente passivos ou ativos, nômades e sedentários. Cabe aos cientistas sociais documentar esta imensa variedade cultural e social, algo que até hoje ainda não foram capazes de fazer, nem na Europa, nem no Brasil, nem em outras partes do Mundo.”(DHnet-DIREITOS HUMANOS).

EXTRAÍDO : REVISTA JANELLÁ,COLUNA PUNHAL CIGANO-(BAJAO,OS CIGANOS DO MAR).









TMAGENS DO GOOGLE

sábado, 21 de abril de 2012

.MAIS UM BELÍSSIMO POEMA DE CECÍLIA MEIRELES...







Canção da alta noite

Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar...Perder o seu passo
na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.

Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.


Cecília Meireles



quinta-feira, 12 de abril de 2012

VERSOS PARA O MEU AMOR...









PRESENÇA


É  por estares na minha vida
que sou feliz.
Tua presença preenche todos os instantes,
todos os vazios,todos os recantos de minha alma.
Mesmo quando não vens
sinto-te presente...
Um perfume,um gesto,um olhar.
E a certeza de que te verei novamente. 


Na minha lembrança repasso 
os  instantes repletos das nossas
carícias e da minha alegria...
Quando vens trazes contigo
um mundo,um universo novo
que abre portas para jardins ensolarados
e roseirais ao vento...


É por estares na minha vida
que as horas se tornam leves
e o tempo é festa renovada.


E por estares na minha vida
é que  escrevo versos,
e toda noite  canto e
colho estrelas e 
sinto que teu amor
me recria e inventa
a cada dia!


 Cezarina Macedo-abril/2012.


sábado, 7 de abril de 2012

MINHA HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DOS RHONS(CIGANOS)...OPHRÉ RHOMÁ!

Dia Internacional del Pueblo Gitano 2012
CARTAZ PUBLICADO NA PÁGINA DO SITE DA UNIÓN ROMANI(ESPANHA) 

FOTO DO PRIMEIRO CONGRESSO ROMANI(1971).

ESCOLHI TRÊS POEMAS DE CECILIA MEIRELES,POETISA BRASILEIRA DE ORIGEM CIGANA PARA HOMENAGEAR ESTE DIA!  


                                           MEMÓRIA


Minha família anda longe
contravos de circunstancias:
uns converteram-se em flores,
outros em pedra, água, líquen,
alguns, de tanta distância,
nem têm vestígios que indiquem
uma certa orientação.

Minha família anda longe,
- Na Terra, na Lua, em Marte
-uns dançando pelos ares,
outros perdidos no chão.

Tão longe, a minha família!
Tão dividida em pedaços!
Um pedaço em cada parte...
Pelas esquinas do tempo,
brincam meus irmãos antigos:
uns anjos, outros palhaços...
Seus vultos de labareda
rompem-se como retratos
feitos em papel de seda.
Vejo lábios, vejo braços,
- por um momento, persigo-os;
de repente os mais exatos,
perdem a sua exatidão.
Se falo, nada responde.
Depois, tudo vira vento,
e nem o meu pensamento
pode compreender por onde
passaram nem onde estão.

Minha família anda longe.
Mas eu sei reconhecê-la:
um cílio dentro do Oceano...
uma ruga num caminho
caída como pulseira,
um joelho em cima da espuma,
um movimento sozinho
aparecido na poeira...
Mas tudo vai sem nenhuma
noção de destino humano,
de humana recordação.

Minha família anda longe.
reflete-se em minha vida,
mas não acontece nada:
por mais que eu esteja lembrada,
ela se faz de esquecida:
não há comunicação!
Uns são nuvem, outros lesma...
Vejo as asas, sinto os passos
de meus anjos e palhaços,
numa ambígua trajetória
de que sou o espelho e a história.
Murmuro para mim mesma:
"É tudo imaginação!"

Mas sei que tudo é memória...


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TRAZE-ME 

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares 
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
-Vê que nem te digo - esperança!
-Vê que nem sequer sonho - amor!






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BAZAR

Panos flutuantes de todas as cores
às portas do vento, no umbral da tarde.

E olhos negros.

Jardins bordados: roupas, sandálias
como escrínios de seda para alfanges.

E negros olhos.

Molhos de penas de pavão. Colares de nardo
a morrerem do próprio perfume
entre tufos de fios de ouro.

E os delicadíssimos dedos.

Pratos de doces verdes e cor-de-rosa:
pistache, coco, amêndoa, gulab.

Lábios de veludo.

Caixas, bandejas, aguamanil, sineta,
e o mundo do bídri: noite de chumbo e lua.

E olhos negros. E negros olhos.

Pingentes, borlas, ébano e laca,
feltros vermelhos, pulseiras de mica,
filigranas de marfim e ar.

E os dedos delicadíssimos.

Cestos cheios de grãos. Frigideiras enormes.
Grandes colheres. Muita fumaça. Muitos pastéis.

Lábios de veludo.

Corolas de turbantes. Brinquedos. Tapetes.
O homem que cose à máquina, o que lê as Escrituras.

Olhos negros.

Portais encarnados, cor de mostarda, verdes.
Velhos ourives. Ai, Golconda!
E uma voz bordando músicas trêmulas.

Negros olhos.

Bigodes. Balanças. Barros, alumínios.
Muitas bicicletas: porém o passo rítmico das mulheres majestosas.

Aroma de fruta, incenso, flor, óleo fervente.

Sedas voando pelo céu.
E os nossos olhos. Os nossos ouvidos. Nossas mãos.
(Objetos banais.)

Cecília Meireles, in "Poemas escritos na Índia





quinta-feira, 5 de abril de 2012

CORA CORALINA,,, UMA MULHER...UMA POETISA...


QUARTO DE CORA...Humilde simplicidade.




CORA CORALINA NA SALA..

Cora Coralina


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.

Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.Fazendo seus doces criou e sustentou seus quatro filhos,após a morte do marido... 

FONTE:http://pensador.uol.com.br/autor/cora_coralina/biografia/


SEU PRIMEIRO LIVRO PUBLICADO.


ABAIXO,UM POEMA SEU:
.

CORA CORALINA, QUEM É VOCÊ?

Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra
entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.


Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.
Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.
Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.


Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia caída e a república
que se instalava.


Todo o ranço do passado era presente.
A brutalidade, a incompreensão, a ignorância, o carrancismo.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez,
Os adultos eram sádicos,
aplicavam castigos humilhantes.
Tive uma velha mestra que já
havia ensinado uma geração
antes da minha.
Os métodos de ensino eram
antiquados e aprendi as letras
em livros superados de que
ninguém mais fala.


Nunca os algarismos me
entraram no entendimento.
De certo pela pobreza que marcaria
para sempre minha vida,
precisei pouco dos números.


Sendo eu mais doméstica do
que intelectual,
não escrevo jamais de forma
consciente e racionada, e sim
impelida por um impulso incontrolável.
Sendo assim, tenho a
consciência de ser autêntica.


Nasci para escrever, mas, o meio,
o tempo, as criaturas e fatores
outros, contra-marcaram minha vida.
Sou mais doceira e cozinheira
do que escritora, sendo a culinária
a mais nobre de todas as Artes:
objetiva, concreta, jamais abstrata
a que está ligada à vida e
à saúde humana.


Nunca recebi estímulos familiares para ser literata.
Sempre houve na família, senão uma
hostilidade, pelo menos uma reserva determinada
a essa minha tendência inata.
Talvez, por tudo isso e muito mais,
sinta dentro de mim, no fundo dos meus
reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo.


Sobrevivi, me recompondo aos
bocados, à dura compreensão dos
rígidos preconceitos do passado.
Preconceitos de classe.
Preconceitos de cor e de família.
Preconceitos econômicos.
Férreos preconceitos sociais.


A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária,
que outras o destino não me deu. 
Foi assim que cheguei a este livro
Sem referências a mencionar.


Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.
Nem Menção Honrosa.
Nenhuma Láurea.
Apenas a autenticidade da minha
poesia arrancada aos pedaços
do fundo da minha sensibilidade,
e este anseio:
procuro superar todos os dias
minha própria personalidade
renovada,
despedaçando dentro de mim
tudo que é velho e morto.


Luta, a palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.
Quem sentirá a Vida
destas páginas?...
Gerações que hão de vir
de gerações que vão nascer.


(Meu Livro de Cordel, p.73 -76, 8°ed, 1998)


CORA CORALINA.

QUARTO DE CORA...

VISTA DE GOIÁS VELHO...SUA CIDADE NATAL...
CASA DE CORA CORALINA...

Museu da Casa de Cora Coralina


Provavelmente foi edificada em meados do século XVIII para o uso dos recebedores do Quinto Real. No mapa de Manoel Ribeiro Guimarães, datado de 1782, a casa já fazia parte do conjunto arquitetônico de Vila Boa de Goiás. A casa pertenceu ao Desembargador Francisco Lins dos Guimarães Peixoto, pai da poetisa Cora Coralina ( Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas).



Hoje a "Casa Velha da Ponte da Lapa" pertence à Fundação Cora Coralina.

Funcionamento
Aberto de terça à domingo, das 9:00 hrs. às 16:45 hrs. Domingo só até às 15:30
Tel: (62)3371-1990




RETRATO DE CORA (ANA) NA SUA JUVENTUDE.
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SABER VIVER.
Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura… Enquanto dura.



CORA CORALINA.






fOTOS ACIMA E ABAIXO: COZINHA DA CASA DE CORA.




A CASA DE CORA SOBRE UM RIO...

CORA E SEUS TACHOS...


PALAVRAS SÁBIAS...



"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher."
CORA CORALINA.

IMAGENS DO GOOGLE.