O CÉU É O MEU TETO,A TERRA É MINHA PÁTRIA,A LIBERDADE É A MINHA RELIGIÃO!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

UM BELO POEMA DE RABINDRANATH TAGORE...




JULGAMENTO.

Não julgues...
Habitas num recanto mínimo desta terra.
Os teus olhos chegam
Até onde alcançam muito pouco...
Ao pouco que ouves
Acrescentas a tua própria voz.
Mantém o bem e o mal, o branco e o negro,
Cuidadosamente separados.
Em vão traças uma linha
Para estabelecer um limite.

Se houver uma melodia escondida no teu interior,
Desperta-a quando percorreres o caminho.
Na canção não há argumento,
Nem o apelo do trabalho...
A quem lhe agradar responderá,
A quem lhe agradar não ficará impassível.
Que importa que uns homens sejam bons
E outros não o sejam?
São viajantes do mesmo caminho.
Não julgues,
Ah, o tempo voa
E toda a discussão é inútil.

Olha, as flores florescem à beira do bosque,
Trazendo uma mensagem do céu,
Porque é um amigo da terra;
Com as chuvas de Julho
A erva inunda a terra de verde,
e enche a sua taça até à borda.
Esquecendo a identidade,
Enche o teu coração de simples alegria.
Viajante,
Disperso ao longo do caminho,
O tesouro amontoa-se à medida que caminhas.


RABINDRANATH TAGORE.








IMAGENS DO GOOGLE

sábado, 13 de fevereiro de 2016

UM POEMA DE CECÍLIA MEIRELES...






CANÇÃO


Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos também...

CECÍLIA MEIRELES-In  " FLOR DE POEMAS ,"pg 64;
Editora  Nova Fronteira/1983.


IMAGENS DO GOOGLE

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

SEMPRE POESIA...




VIAGEM

Não é preciso morar na esquina 
nem ser jovem ou belo: 
o amor melhor é sempre dentro 
e perto. 
Chega inesperado, 
vem forte, vem doce, acalma 
e desatina. 

Se está na minha rua ou vem de fora, 
ele ignora o tempo e a idade: 
o amor é sempre 
agora. 

É vento sutil e mar sem beira: 
o amor é destino de quem está aberto, 
e dói sem remissão quando negado. 

O melhor amor sacia a fome inteira: 
mas tem de ser aceito, 
tem de ser ousado, tem de ser 
navegado.


LYA LUFT


Peixe grande  (Foto: .)

© LYA LUFT
In Para não dizer adeus, 2005