Ela ficava todos os dias à janela, àquela hora. Vendo o sol se por atrás da torre da igreja que freqüentava aos domingos. Sua vida transcorria monótona, sem graça. O marido tinha um escritório de contabilidade bem sucedido. Ela apenas tomava conta da casa. A cidade era pequena, de ruas estreitas e sobrados antigos... Tal qual eram antigos e estreitos os pensamentos de seus habitantes.
Cansada da cotidiana e monocromática rotina, ela voava através da janela aberta, com as asas do Sonho. Fizera uma promessa na última vez que fora à Igreja… O marido cumpria suas obrigações. Ela também. Sempre do mesmo jeito, sem criatividade, sem amor. Dez anos de casamento.
Da janela, naquela tarde, ela os viu chegar... Garbosos, morenos, de olhos misteriosos, de sorriso aberto, montados em cavalos inquietos, suados. As mulheres de negros cabelos e roupas coloridas, floridas, mostrando, ao sorrir o brilho sedutor do ouro...
A pequena cidade viu-os chegar, armar as lonas, montar o circo. Traziam com eles a fantasia, o sonho, a música, a alegria e a liberdade. Ficaram acampados num terreno baldio cedido pela prefeitura e pago adiantadamente. Durante dois meses as noites ressoaram música, risadas,aplausos...
Depois,assim como vieram,partiram de repente. Eram filhos do Vento.
A cidade pequena voltou à sua monótona rotina de dias e noites iguais.
Mas,os vizinhos,apenas,estranharam a ausência da moça na janela...
CEZARINA D.MACEDO/2010. (Imagem do Google).
Um comentário:
Nossa, achei muito bom o texto, mesmo que curtinho (bom, sou um pouco suspeita para diser isso já que meu lema de vida é 'curto é bom', haha). Mas muito legal a ideia. Queira recomendar um dos meus poemas, que acho que talvez você goste. Não entendo muito de ciganos, mas enfim, está aqui o link, se quiser dar uma lida: http://mississippistales.blogspot.com/2010/05/ciganos-gypsies.html
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