MOÇA CIGANA(THE GIPSY GIRL) -TELA DO PINTOR EUGENE DE BLAAS...
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O FILME:AO RELENTO
“Ao Relento, longa escrito e realizado a partir do encontro e da convivência com uma família cigana do sertão de Alagoas. O filme está sendo dirigido por Julia Zakia e produzido pela Superfilmes.
Ao longo de anos, a cada visita.
Durante as pausas nas filmagens o olhar não descansa, atua sobretudo na espera, nos entreatos. Assim, à força desse povo, soma-se uma iconografia (re)criada pelo filme, pelas mãos de seus inúmeros artesãos.
A troca generosa (minha e de Julia), se afirma dessa vez aos olhares e paisagens ciganas, dispostas aos nossos recortes, cinema ou fotografia."
TEXTO EXTRAÍDO DO BLOG DA PRODUTORA "GATO DO PARQUE".
Foto do filme "Ao relento"...Filmado em Alagoas pela SUPERFILMES.(Alguns atores são de etnia cigana).
Fundada em 1983, a produtora é sediada em São Paulo e viabiliza projetos próprios e de realizadores independentes. A Superfilmes estruturou-se para atuar nas diferentes áreas da produção audiovisual. Nessas duas décadas de constante atividade, a Superfilmes apostou na revelação de novos talentos numa carteira rica nos mais diversos formatos audiovisuais. Os longas e curtas-metragens produzidos, os documentários e as séries para TV que compõem o acervo da produtora são reconhecidos por sua qualidade técnica e criativa.
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OS CIGANOS E O DEGREDO DE PORTUGAL
Em 1698 já se registra a chegada da primeira leva de ciganos calons ao Maranhão, deportados de Portugal. A escolha do Maranhão não era alheatória: o destino dos degredados seria as áreas menos densamente ocupadas pelos colonizadores, nas quais o espaço seria disputado com os índios.Para a Inquisição o Brasil era o Purgatório onde os hereges expiariam suas culpas. Ainda que segregados na Metrópole Lusitana davam –se preferência aos ciganos no processo de ocupação de algumas terras da colônia portuguesa da América. Ao longo dos anos mais e mais ciganos degredados, expulsos de Portugal vieram para o Brasil, espalhando-se por todas as regiões do inexplorado território. O resto ficou por conta do tempo e das uniões entre ciganos e indivíduos das várias etnias que já habitavam o país: índios, negros e lusitanos... A mistura, com certeza correu solta naqueles tempos...
“Desde os primórdios,
os ciganos estiveram nos quatro cantos do Brasil. Por isso, bem se pode afirmar
que, para compreender a cultura brasileira em sua totalidade, é preciso
investigar as contribuições dos ciganos para as artes, a toponímia (nome de lugares,
acidentes geográficos), o trajar, os hábitos, enfim, para a vida tradicional do
país”, escreve Elisa M. Costa no seu
artigo, na Revista de História/
BIBLIOTECA NACIONAL-Ano 2-14/11/ 2006, CIGANOS EM TERRAS BRASILEIRAS.
“A corrente histórico-sociológica no Brasil, tratou de todas as questões relativas à nossa formação étnica, analisou todos os aspectos predominantes da nossa “gens”, mas deixou à margem, esquecida uma pequena parte dessa “gens”,um elemento que embora frágil,concorreu e concorre ainda,ao cadinho donde há de surgir o tipo brasileiro.Esse elemento é o cigano.” (DR.PROF. ÁTICO VILAS BOAS DA MOTA IN CIGANOS - ANTOLOGIA DE ENSAIOS.)
“A corrente histórico-sociológica no Brasil, tratou de todas as questões relativas à nossa formação étnica, analisou todos os aspectos predominantes da nossa “gens”, mas deixou à margem, esquecida uma pequena parte dessa “gens”,um elemento que embora frágil,concorreu e concorre ainda,ao cadinho donde há de surgir o tipo brasileiro.Esse elemento é o cigano.” (DR.PROF. ÁTICO VILAS BOAS DA MOTA IN CIGANOS - ANTOLOGIA DE ENSAIOS.)
É só pesquisar o folclore brasileiro e acharemos canções,
estórias, contos, poesias e danças de origem cigana mescladas às influências
recebidas do português, do índio e do negro, as outras raças que tiveram
importante papel em nossa formação como povo.
Os “repentistas” do nordeste brasileiro e os do RS, que
“desafiam-se” com trovas criadas na hora, devem esse estilo de poetar aos
ciganos calons que assim procediam nos alegres serões festivos de seus
“bródios”. Dizem alguns historiadores, em suas
pesquisas, que o LUNDÚ, uma dança muito usada no Brasil antigo, teve
influências não só africanas, mas também ciganas. Numa aquarela de Rugendas,
pintor e desenhista alemão que pintou paisagens do Brasil, vê-se uma cena de
bailarinos dançando o Lundú, trajados à moda cigana daquela época. A própria
estrutura da dança apresentava batidas de pés, meneios de cintura e ombros, levantar
de braços e estalar de dedos lembrando castanholas, acompanhados pelo violão e
pelas palmas, `a maneira do flamenco ibérico.
Em 1970 o musicólogo Batista Siqueira afirmou, baseando-se
na pintura de Rugendas, que esta dança tinha todas as características daquelas
dançadas pelos ciganos, associando-a ao “fandango espanhol.”
Nós brasileiros herdamos um pouco de cada uma das culturas
das raças que povoaram o Brasil e expandiram suas fronteiras. Somos um povo
mestiço. E disso podemos nos orgulhar! Nas veias do povo brasileiro também
corre um pouco do sangue cigano, à
revelia e apesar daqueles que ainda
tem um absurdo preconceito contra nossa etnia. A história nos mostra, ao longo das eras, que todas as raças
que exaltaram sua pureza e disso fizeram motivo para guerras e perseguições,
acabaram derrotadas.
Ponham-se por terra todos os preconceitos: somos mestiços, sim!
Mistura de várias etnias: índios, africanos, ciganos e portugueses. E também de
todas as outras raças que imigraram para o Brasil em várias épocas.
Na maneira de ser do brasileiro mesclam-se todas as nuances
das culturas que nos influenciaram desde a colonização: a alegria e a nostalgia,
a sensibilidade, a musicalidade e o ritmo, o descontraído “jeitinho” brasileiro
de descobrir soluções, a profunda religiosidade, as crenças, as rezas, os patuás,
as benzeduras, a sensualidade e a beleza... a hospitalidade.
Mello Moraes, (autor dos livros OS CIGANOS NO BRASIL e CANCIONEIRO
DOS CIGANOS) chama os ciganos de “povo misterioso e
errante” que contribuiu para a herança psíquica do brasileiro, a solda da
mestiçagem no Brasil.”
Concluindo, um pequeno trecho de um poema meu inédito:
(...) ASSIM,
VIERAM OS CIGANOS... ASSIM, COMO SEMPRE FOI... ESQUECIDOS, EXCLUÍDOS,
DESTERRADOS, PERSEGUIDOS... SEM NINGUÉM PRA RECORRER.
ASSIM, VIERAM OS CIGANOS, JUNTO COM OS DEGREDADOS...
HEREGES, BRUXOS, MARCADOS.
ASSIM, VIERAM OS CIGANOS, PAGANDO PELO PECADO DE, APENAS, CIGANOS SER!
TEXTO EXTRAÍDO DO ARTIGO DE MINHA AUTORIA"OS CIGANOS E O DEGREDO DE PORTUGAL/REVISTA JANELLA-2011.
TEXTO EXTRAÍDO DO ARTIGO DE MINHA AUTORIA"OS CIGANOS E O DEGREDO DE PORTUGAL/REVISTA JANELLA-2011.
FOTO DE CENA DO FILME...
FOTO DE UMA CENA DO FILME "AO RELENTO",filmado em Alagoas,
pela SUPERFILMES,com direção de Julia Zakia
Julia Zakia é formada em Audiovisual pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA - USP). Ao longo dos últimos anos, dirigiu cinco curtas-metragens, selecionados nos mais importantes festivais de curta-metragem no Brasil e no mundo.
IMAGENS E TEXTOS DAS FOTOS :http://filmeaorelento.blogspot.com.br/2011/03/ha-certas-coisas-que-nao-se-pode-deixar.html
IMAGENS E TEXTOS DAS FOTOS :http://filmeaorelento.blogspot.com.br/2011/03/ha-certas-coisas-que-nao-se-pode-deixar.html
2 comentários:
Muito boa a postagem.
bjs nossos
Cezarina,
Me orgulho em saber que um dia, em algum lugar da minha história, uma alma cigana cruzou com meus ancestrais. Hoje cá estou, pouco sabendo desse povo, mas muito tendo dele dentro de mim.
Beijo!
Alcides
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