DUAS FACES.
Tenho um lado quieto,
sereno, calmo, apaziguado.
Numa quietude de lago,
profundo, escuro e salgado.
Nas minhas sombrias profundezas
dormem sonhos ainda não sonhados,
enigmas sem conta, abismos impensados;
pálidas esfinges de olhos vagos,
guardando um reino de incertezas.
Nestas águas ignotas
do meu ser
flutuam como algas ou sargaços,
mil desejos, mil anseios, mil abraços,
na esperança de um dia vir-à-ser.
Tenho um lado
que é chama e luz ardente,
como um vulcão que jorra
fogo e lava,
— impetuosamente! —
Mas este lado que pulsa
e que se agita
bem fundo guardo,
controlo e desconfio,
mas que, às vezes, de repente:
ruge, espumeja e irrompe
como um rio!
Cezarina Macedo.
IMAGENS DO GOOGLE
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